Permita-se ser Imperfeita...
Martha Medeiros - Jornalista, Escritora e Colunista do Jornal O Globo
Eu
não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é
possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito
prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa
profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os
dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, cuido de quem vive comigo,
procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas
contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista,
mamografia, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e
depilação!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando
você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe
apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo
para os outros...
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa
expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante
as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E,
se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida
interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é
ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por
dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser
indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos, livros, roupas, etc.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias..
Cinco dias!
Tempo para uma massagem..
Tempo para ver a novela.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Tempo para existir
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A
mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se
não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.
Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher
que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir
essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha
trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E
descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o
rosto lavado podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova
perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'
Martha Medeiros - Jornalista e escritora
REPASSEM PARA TODAS AS MULHERES MARAVILHOSAS QUE TRABALHAM, QUE BATALHAM, QUE LUTAM PARA SER FELIZ!
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